Radio Jovem7

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

II CORÍNTIOS 3 & OS MINISTÉRIOS DA LEI DE DEUS


"E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, se revestiu de glória, a ponto de os filhos de Israel não poderem fitar a face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, ainda que desvanecente, como não será de maior glória o ministério do Espírito!" (II Coríntios 3:7-8).

MINISTÉRIO DE MORTE

Lendo atentamente II Coríntios 3 percebe-se que Paulo fala de "dois ministérios" e não de "lei". O termo lei não é empregado e isso é fundamental para a análise dos versos 7 e 8 desse capítulo. Ministério, ministração ou administração não é sinônimo de lei. Uma coisa é ministrar uma lei, outra é a lei em si mesma. A ministração ou ministério refere-se aos meios pelos quais a lei é ensinada, aplicada e vivida.

O "ministério da morte", também chamado por Paulo de "ministério da condenação" (verso 9) refere-se ao antigo método em que a lei de Deus era administrada. Em II Coríntios 3 é dito como o antigo ou velho concerto era gerenciado tendo como base o Decálogo; concerto este que, pela incapacidade dos israelitas e pelo cumprimento das profecias, precisou ser abolido.(1)

Paulo contrastando o "velho concerto" com o "novo concerto", chama este último de o "ministério do Espírito" e "ministério da justiça". Ele ensinou que Cristo e o Seu "novo ministério" são a glória refulgente, em contraste com a glória do "velho ministério" dos tempos da antiga aliança que se tornara empalidecia e finalmente desaparecera com o sacrifício de Jesus na cruz.(2
Muitos judeus, os quais antes de aceitarem a Cristo como Salvador, criam naturalmente que a glória do Sinai e o ministério exercido pelos sacerdotes, levitas e governantes eram a última palavra de salvação. Posteriormente, entretanto, entenderam que a glória e o ministério de Cristo no santuário celestial superava àquele exercido no santuário terrestre (Hebreus 5:1-10; Hebreus 8:1-13 cf II Coríntios 3:14-16).
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Por simples figura de linguagem, o antigo ministério da Lei de Deus ou a maneira como esta lei era administrada no "velho concerto" é denominada de "ministério de morte". A Lei de Deus quando transgredida indiciava o transgressor ao seu devido julgamento e punição, mas, ela em si mesma não trazia os meios pelas quais tais procedimentos deveriam ser aplicados, eram as leis e as regras que regiam o "velho concerto" que orientavam nesse aspecto.
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Paulo ao dizer: "tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz" (Colossenses 2:14), chamava atenção tanto pela incapacidade judaica de honrar o velho "concerto" e consequentemente pela inimizade gerada contra Deus, quanto pelos atos punitivos aplicados nesse concerto.
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Exemplificando pela própria Bíblia a figura de linguagem utilizada por Paulo - nos dias de Eliseu, certa vez, os filhos dos profetas ajuntaram-se em torno da "panela grande" em que se cozeu colocíntidas (ervas venenosas) e então clamaram aos que as comiam: "Homem de Deus, há morte na panela" (II Reis 4:38-40). Em linguagem exata disseram que havia algo no interior da panela que iria causar a morte, mas, trocando a causa pelo efeito, gritaram, expressando-se daquela forma. Outro exemplo é Isaías 28:18 que diz: "A vossa aliança com a morte será anulada...".Obviamente que ninguém faz aliança com a morte, isso seria bizarro.
Obviamente que ninguém faz aliança com a morte, isso seria
GRAVADOS COM LETRAS EM PEDRAS
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Gravados em pedras é uma clara referência às duas tábuas de pedra onde foram escritos os Dez Mandamentos (Êxodo 31:18). O verso em lide se refere à ocasião quando a lei foi escrita pela segunda vez (Êxodo 34:1-7; Êxodo 34:28-35).
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O ministério da "antiga aliança" tinha sua legitimidade administrativa fundamentada nas "tábuas de pedra" (Lei de Deus), por isso a ênfase "gravada com letras em pedras". II Coríntios 3:7 não diz que a Lei de Deus era o "ministério da morte". O próprio apóstolo Paulo esclarece esse ponto ao afirma que essa lei é "santa, e o mandamento santo, justo e bom", que ela não pode ser substituída pela fé e nem pela graça.(3), e arremata dizendo: "acaso o bom se me tornou em morte? De modo nenhum!" (Romanos 7:13 cf Romanos 8:13).
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Sobre a Lei de Deus (Decálogo), Paulo em seus escritos diz que os mandamentos dela são baseados no amor: "... não adulterarás, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e, se há qualquer outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: amarás o teu próximo como a ti mesmo".(4), e ainda esclarece que o homem justo perante Deus obedece essa lei: "porque os simples ouvidores da lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados" (Romanos 2:13)
No "velho concerto" os israelitas tornaram-se com o passar do tempo extremamente legalistas e esqueceram os reais motivos do ministério entregues à eles, que era ter a Deus como o centro de suas vidas e conduzir outras nações ao mesmo caminho (Êxodo 19:5-6). E era o intuito do SENHOR reaver os laços entre Criador e criatura e restabelecer o verdadeiro propósito de Sua lei na vida do homem, e é baseado nesses propósitos que Jeremias revela a seguinte profecia concernente ao "Israel espiritual":
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"Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a Minha aliança, não obstante Eu os haver desposado, diz o SENHOR. Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as Minhas leis, também no coração lhas inscreverei; Eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo." (Jeremias 31:31-33)
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Quais são estas leis descritas pelo profeta Jeremias e mencionadas por Paulo em Hebreus 10:16?
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E Paulo revelara que este momento tinha chegado com o "novo concerto" ou "nova aliança" estabelecidos por Cristo:
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"Esta é a aliança que farei com eles, depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei no seu coração as Minhas leis e sobre a sua mente as inscreverei, e acrescenta: Também de nenhum modo Me lembrarei dos seus pecados e das suas iniquidades, para sempre." (Hebreus 10:16-17 cf II Coríntios 3:3) .
Considerar que as "tábuas de pedra" (Decálogo) significavam "ministério de morte", surgirá as seguintes indagações:
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(1) Como pode Deus conceder a Seu povo reunido solenemente, no Monte Sinai, uma lei que representa morte?
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(2) Que Deus é este que trata discrimidamente a Seu povo, reservando uma "lei de amor e justiça" no "novo concerto", enquanto os que viveram sob o "velho concerto" recebem uma que reflete morte?
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Não há base bíblica para a afirmativa de que "ministério da morte" seja a Lei de Deus. Esse errôneo ensinamento anula a própria base da "nova aliança" e atribui um caráter discriminador à Deus 
A GLÓRIA NO ROSTO DE MOISÉS - REFERÊNCIA A ÊXODO 34:29-35
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O próprio Moisés estava inconsciente da brilhante glória que irradiava da face, e não sabia porque os filhos de Israel fugiam dele quando se aproximava. Chamou-os para junto de si, mas eles não ousavam olhar para aquela face glorificada. Quando Moisés percebeu que o povo não lhes podia mirar o rosto, por causa da glória que irradiava dele, cobriu-o com o véu.
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A glória do rosto de Moisés era muitíssimo penosa para os filhos de Israel, por motivo de sua transgressão da santa Lei de Deus. Isto é uma ilustração dos sentimentos dos que violam a lei divina; desejam remover de sua presença "a luz penetrante", que é um terror para quem a transgride, ao passo que para os leais ela se afigura santa, justa e boa (Romanos 7:12 e 22 cf I João 5:1-4). Apenas os que têm justa consideração para com a Lei de Deus podem estimar devidamente a expiação de Cristo, tornada necessária pela violação dela.
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Comparando Romanos 3:23 com II Coríntios 3:7-18 se estabelece um contraste entre a glória que permanece e a glória que se desvanece, entre o mais glorioso e o menos glorioso, entre o novo e o antigo. Em ambos os casos a "glória" é decorrente de Cristo. No "novo" há uma plena revelação da glória de Deus devido à pessoa e a presença real de Cristo que veio a este mundo (João 1:14), e cuja glória permanece para sempre (Hebreus capítulo 7 cf Hebreus 3:1-3).
No ministério mosaico, Cristo só estava nos símbolos que proporcionava as leis cerimoniais, mas a glória que se refletia era a de Cristo. O Redentor estava oculto por trás de um véu de símbolos, emblemas, ritos e cerimônias; mas o véu foi tirado com a chegada da grande Realidade simbolizada por esses símbolos.(5)
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Alguns lendo superficialmente II Coríntios 3:7 chegam à conclusão de que a Lei de Deus "era que desvanecia"; mas o que claramente se diz neste verso é que a glória fugaz refletida no rosto de Moisés era que perecia (cf verso 11). A glória não estava nas tábuas de pedra. O reflexo da "glória" no rosto de Moisés se desvaneceu, mas a Lei de Deus gravada "com letras em pedra" permanece em vigência. O ministério de Moisés e o sistema judeu eram os que tinham que desaparecer, não a Lei de Deus.(6)
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A glória transitória ou passageira do rosto de Moisés foi o resultado de sua comunhão com Deus no monte Sinai. Demonstrava aos que a viam, que Moisés, tinha estado na presença divina; era um depoimento silencioso de sua missão como representante de Deus e da obrigação do povo de ajustar-se a seus preceitos. Essa glória confirmava a origem divina dos dez mandamentos da Lei de Deus, e sua vigência obrigatória a todos os homens (Eclesiastes 12:13). 
Bem como o rosto de Moisés refletia a glória de Deus, assim também a lei cerimonial e os serviços do santuário terrestre refletiam a presença de Cristo. O propósito de Deus era que os crentes nos dias da Antiga Aliança (velho ministério) entendessem e sentissem a presença salvadora de Cristo na "glória refletida" do sistema simbólico. Mas quando Cristo veio, os homens tiveram o privilégio de contemplar a glória da Realidade (João 1:14; Hebreus 9:23-28), e já não precisaram mais da glória menor refletida pelos símbolos.
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O fracasso da nação judia para ver a Cristo nos símbolos do sistema cerimonial e acreditar nEle caracteriza toda a história hebreia desde o Sinai até Cristo. De maneira que a expressão "ministério de morte" caracteriza adequadamente todo o período do sistema judeu, não obstante de muitas exceções notáveis. A cegueira de Israel o induziu finalmente a recusar a Jesus como o Messias e a crucificar o Redentor. Paulo declara que com a chegada da glória maior revelada em Cristo e o consequente desvanecimento da glória refletida do sistema simbólico, não havia mais motivos para a permanência do sistema mosaico regimentado no livro da Lei (Lei de MoisésGálatas 3:10).
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A abordagem geral de II coríntios 3 é explicar as diferenças dos dois ministérios (velho e novo) com suas respectivas vigências, e, refutar os judaizantes de Corinto que queriam impor a liturgia mosaica no cristianismo, assim como ocorreu nas igrejas de Galácia e Colossos. (7)
Por esta razão Paulo fala da administração ou aplicação desses ritos, e de suas respectivas cerimônias como um "ministério de morte". Os judeus que não vissem a Cristo no sistema de sacrifícios, morreriam em seus pecados. Esse sistema nunca salvou por si mesmo a ninguém de colher o resultado do pecado - a morte (Romanos 6:23 cf I João 3:4).
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E já que a maioria dos judeus dos dias de Paulo, inclusive os judaizantes que nesse momento perturbavam a igreja de Corinto, consideravam que esses sacrifícios eram essenciais para a salvação, evidentemente que Paulo caracterizou todo o sistema como um "ministério de morte". Era inerte. Judeus e gentios deviam encontrar vida em Cristo, pois só nele há salvação (Hebreus 4:12; Hebreus 10:1-18). Cristo foi sem dúvida o Salvador de Israel durante todo o tempo da Antiga Aliança (velho ministério) como O é agora na Nova Aliança (novo ministério).
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(1). Isaías 1:10-16; Oséias 4:1-6; Daniel 9:27 cf Jeremias 11:1-8; Oséias 2:11.
(2). II Coríntios 3:9 cf Hebreus 3:1-3; Mateus 27:51.
(3). Romanos 7:12; Romanos 3:31; Romanos 6:15.
(4). Romanos 13:9 cf Mateus 22:34-40.
(5). Hebreus 10:19-22; Daniel 9:27 cf Mateus 27:51; II Coríntios 3:16-18.
(6). Mateus 5:17-18; Lucas 16:17; Romanos 3:31; Romanos 6:15; Tiago 2:10-13; João 14:12-26.
(7). II Coríntios 11:22; Gálatas 2:1-21; Colossenses 2:8-23.
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Fonte: http://sites.google.com/site/iasdonline
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